Gregório de Matos (I)

24/06/2015 12:55

QUEIXA-SE O POETA QUE O MUNDO VAI ERRADO E, QUERENDO EMENDÁ-LO, O TEM POR EMPRESA DIFICULTOSA

 

“Carregado de mim ando no mundo,

E o grande peso embarga-me as passadas,

Que como ando por vias desusadas,

Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.

 

O remédio será seguir o imundo

Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,

Que as bestas andam juntas mais ornadas,

Do que anda só o engenho mais profundo.

 

Não é fácil viver entre insanos,

Erra, quem presumir que sabe tudo,

Se o atalho não soube dos seus danos.

 

O prudente varão há de ser mudo,

Que é melhor neste mundo, mar de enganos,

Ser louco cos demais, que ser sisudo.”

 

(Gregório de Matos, 1623-1696, poeta brasileiro de Salvador-Bahia)

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